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A vida em família é semelhante a uma dança: pode ser prazerosa e leve ou desconfortável e rígida. A forma como aprendemos a dançar e transitar nas nossas relações familiares está relacionada às formas como nos manifestamos nos demais processos sociais em que estamos inseridos.

A lealdade familiar é um processo de aprendizagem inconsciente. Por meio dele, membros da família tentam manter-se unidos em torno de crenças, mitos, valores, para evitar a desintegração ou destruição do sistema familiar. Em geral, no corre-corre do dia a dia, as famílias não percebem que os modelos de convivência atuais podem ser prejudicados por processos de lealdades antigos, rígidos e imutáveis.

Em muitas famílias e casamentos, a rigidez e imutabilidade são cofatores que desencadeiam doenças físicas, mentais e emocionais. O funcionamento do sistema familiar ou conjugal, quando rígido, tende a sacrificar os membros envolvidos, sendo que os sintomas surgem em um deles, escolhido pela família ou, por vezes, sacrificando-se inconscientemente em prol da mais antiga instituição humana. Esse comportamento é conhecido como o “mito do autossacrifício” e acontece em famílias que se constroem a partir de questões não resolvidas anteriormente. Dois exemplos: a nova gestação para superar um aborto; a criança ou adolescente que descobre a infidelidade de um dos pais, sem poder revelá-la para não “destruir” o casamento e levar ao caos à família.

LEMBRETE_0075A lealdade familiar traz, inserida em seu núcleo, invisibilidades, ou seja, teias familiares ou conjugais repletas de segredos, lutos e perdas, falências, fracassos e impotências que impedem de fazer da vida uma dança prazerosa.

Segundo o terapeuta familiar Bowen (1978), se você “consegue dizer não para seus pais sem se sentir culpado” e “dizer sim sem ficar com raiva” você, provavelmente, terá uma promissora “carreira” de dançarino da vida.

Aproveite o texto para fazer algumas reflexões a respeito. Procure identificar se a sua lealdade familiar ou conjugal está exigindo um alto grau de sacrifício. Caso você não se sinta mais conectado a seus sonhos, desejos e projetos de vida, é sinal de que sua lealdade se transformou em algo penoso e difícil. Mas, não desanime! Há sempre oportunidades para se aprender a dançar e transitar pela vida de um jeito mais leve e natural. Basta manter o “coração limpo”.

Ame, curta e dance, porque a vida nada mais é do que um grande salão de festas.

Amor e lealdade para com aqueles que você ama não podem estar relacionados a sacrifícios, mas, sim, à espontaneidade e autenticidade de seus sentimentos.

Um grande abraço a todos!

Sebastião Souza

O autossacrifício e a lealdade familiar
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