Nas partes 1 e 2 deste artigo, que você pode ler no nosso site, discutimos um dos modelos de casamento, a gaiola de ouro, que gera um vazio nos cônjuges focados em aplacar suas frustrações e mágoas, vivenciadas em suas famílias de origem, com status social e intelectual.

Nesta última parte do artigo, vamos tratar de outro modelo de casamento, conhecido como teia de aranha. Ele funciona com um pântano, que contém areia movediça. Quanto mais os cônjuges se mexem mais afundam em suas frustações, fracassos, acusações, gerando, em alguns casos, agressões verbais e físicas, cujo resultado são processos de separação conflituosos e intermináveis.

A analogia com a teia de aranha é uma forma de elucidar como alguns cônjuges convivem de um modo aprisionador, semelhante à luta dos insetos que caem nas teias armadas pelas aranhas fiandeiras.
Assim como os insetos, esposa e esposo são pegos pelas redes das várias situações não resolvidas, oriundas das famílias de origem e, na maioria das vezes, inconscientes e doentias.

Tanto os insetos como os cônjuges não sabem que quanto mais se debatem para tentar sair da armadilha, mais aprisionados ficam e correm maiores riscos.

De um lado, temos os insetos que, por conta dos movimentos desesperados, anunciam suas localizações para as aranhas fiandeiras por meio da vibração táctil. Do outro lado estão os cônjuges, que tentam resolver os novos conflitos da relação conjugal, que formam a “teia invisível de conflitos inconscientes”, trazidos de suas famílias de origem, usando percepções de mundo individualizadas, inconcebíveis em uma vida que se propuseram a construir a dois.        

 
Abrindo gaiolas e desfazendo teias
 

Para finalizar esta nossa reflexão, é importante salientar que se o seu casamento é do tipo “gaiola de ouro”, tentar fugir não vai resolver o problema. Lembre-se: quem nunca aprendeu a alçar altos e longos voos libertadores não vai fazer isso fugindo da gaiola que construiu em sua relação conjugal.

É por isso que a ajuda profissional pode levar a uma melhor compreensão do motivo que o impediu ou que o impede de se libertar de histórias passadas para poder  voar  mais longe e  mais alto. Nem os pássaros aprendem a voar sozinhos. Eles precisam do apoio dos pais para bater as asas e seguir em frente.

A arte de se sentir livre é o exercício das várias experiências relacionais possíveis que o ser humano exercita no seu transitar entre a liberdade individual e os contextos relacionais onde está inserido.

Mas se o seu casamento é do tipo teia de aranha, e estiver em crise ou entrar em rota de colisão, com desencontros cada vez mais potencializados, não adianta se desesperar. Quanto mais se debater, mais vai agredir e acusar quem está ao seu lado. Dessa forma, maiores serão as chances de você não encontrar a solução para os sofrimentos emocionais que corroem a relação conjugal.

Vale lembrar que, ao se debater durante uma crise conjugal, você estará fornecendo “munição” para  quem dorme ao seu lado. Como diz um velho ditado, “às vezes o silêncio é mais libertador do que mil palavras ofensivas”. Em momentos críticos de crise conjugal é sempre relevante procurar ajuda profissional.

Encerro esta nossa conversa deixando a certeza de que você pode contar conosco para ajudá-lo a desfazer teias e abrir gaiolas. Aproveito para compartilhar o vídeo de uma música que acho incrível, um verdadeiro poema, composição de Walter Franco, gravada pela Leila Pinheiro. Chama-se “Serra do Luar” e traduz o que é essa mágica experiência de se superar, amadurecer e começar tudo de novo, sempre. Porque “viver é afinar o instrumento, de dentro pra fora, de fora pra dentro. A toda hora, a todo momento, de dentro pra fora, de fora pra dentro”.