Da maneira como somos criados para estabelecer as relações de amizades, com irmãos, pais, avôs, tios, enfim, com todos que nos cercam, fica até parecendo que as relações são como uma tabuada em que 2×2 sempre dá 4.
A matemática da vida passa por outros caminhos. Por exemplo, quando a pessoa casa, ela soma a bagagem de história individual com a do (a) parceiro (a), compondo a equação marido/mulher, que leva a um 3º elemento diferente: A RELAÇÃO.
Portanto, viver casado, sem perder a individualidade, não é um exercício muito fácil, uma vez que a maioria das pessoas tem a tendência de criar expectativas e projetar parte das suas questões individuais não resolvidas no (a) cônjuge, como se fosse possível aliviar ou minimizar a “sensação de incompletude”, que todos carregamos ao longo da vida.
Esse talvez seja o maior exercício da vida a dois: não delegar ao outro, consciente ou inconscientemente, a tarefa de completar seu “vazio existencial”, que é o primeiro passo para a desconexão com a individualidade. Como é possível viver sentimentos criados pelo estar juntos se, ao mesmo tempo, nossas emoções pessoais estão embaralhadas?
Quando um casal procura ajuda para tratar a crise conjugal, o profissional faz a seguinte pergunta: “Se não tivesse se casado, você estaria satisfeito com o projeto de vida individual que planejou para si?”. Na maioria das vezes, a resposta é “não”. Ou seja, se a pessoa não ficaria satisfeita com o próprio projeto, por que estaria feliz com o casamento?
Em geral, os casamentos e os processos relacionais estão sobrecarregados de necessidades que nada tem a ver como casamento. Uma esposa que se torna mãe precocemente, por exemplo, tendo ao lado um parceiro imaturo e irresponsável, ou o esposo que assume o papel de pai da companheira são modelos típicos de situações em que os cônjuges não vivenciam a posição que deveriam ter no casamento, mas, sim, outras vinculadas a carências não superadas e trazidas de suas famílias de origem.
Quem nunca viu aquele esposo que é conselheiro, amigo confidente, orientador profissional, consultor financeiro e até “psicólogo” da esposa, ou vice-versa, mas parceiro conjugal pouco presente?
Ou a esposa que o marido chama de “mãe”, que vira “santa”, fazendo milagres para compreender o carente marido, muito mais parecido com o menino frágil, desamparado e desprotegido, que pede colo o tempo todo?
Não é de se estranhar que, com passar do tempo, esse tipo de casamento vai para o “brejo”. A maioria dos cônjuges, nessas situações, vem de famílias de origens com experiências traumáticas ou dívidas emocionais mal resolvidas com os pais. Outros, por conta de tantos percalços, não conseguem desenvolver sua individualidade, apenas agem por meio de formas reativas, usando agressividade e hostilidade como mecanismos de defesa, para não desenvolver autonomia e liberdade e poder esconder seus sentimentos.
Como é possível transitar em uma relação conjugal sem se colocar como “gato escaldado”, que tem medo de “água fria”? Ou seja, como se sentir inteiro e com a individualidade preservada sem nunca tê-la vivido antes do casamento?
Vamos refletir sobre isto? Sugiro este exercício, respondendo as seguintes perguntas, com notas de 0 (mínimo) a 5 (máximo) :
1- Como está o seu projeto pessoal de vida?
2- No casamento, você assume verdadeiramente seu papel de cônjuge?
3- Você tem a sua individualidade preservada atualmente?
Caso queira se aprofundar no tema e reconquistar seu espaço na relação e fora dela, entre em contato conosco. A gente pode te ajudar! Boa sorte!
Sebastião Souza
Psicoterapeuta de casais e famílias