
Quero propor a você algumas reflexões sobre como todos nós podemos ou não cometer algumas “pedaladas” frente a circunstâncias da vida.
Ao dizer pedaladas vitais, refiro-me a irresponsabilidades pessoais, conjugais ou familiares que cometemos por meio de atos, atitudes e comportamentos inconsequentes, gerando prejuízos a algum ente querido ou a pessoas que convivemos direta ou indiretamente.
Atos como mentiras, segredos, omissões, violências, preconceitos, abusos emocionais ou sexuais, enfim, atitudes inadequadas frente a uma situação desconfortável, dolorida ou desprazerosa, que sabemos não ser correta, porque não gostaríamos que agissem conosco dessa forma.
Vamos usar uma analogia com um tema que está em voga: a estrutura do congresso nacional, onde atuam senadores e deputados, eleitos por nós. Ou seja, de alguma forma, estamos lá também.
O congresso federal é como uma família de três gerações. A primeira geração é a dos avôs (os senadores); a segunda, dos pais (os deputados) e seus filhos, a terceira geração.
O restante da família extensiva (tios, avós, primos, sobrinhos, noras, cunhados), formado por gente que gosta de saber de tudo, de interpretar fatos e evidências, opinar com ou sem fundamento, muitas vezes sem saber onde o “galo cantou”, é o povo – eu, você e todo mundo.
O avô paterno cometeu uma pedalada vital, ou seja, uma irresponsabilidade contratual ao mentir para onde ia parte do seu salário e, com isso, comprometeu o orçamento familiar, já que também sustentava e presenteava as várias amantes comprando bolsas caras, patrocinando viagens para o exterior e, até mesmo, nomeando algumas delas como suas secretárias preferidas.
No entanto, a família extensiva (o povo), cheia de invejosos, insatisfeitos, mal-amados, que não podem ver ninguém numa boa, denunciou o avô, um sujeito bom, que veio de baixo, do povo para o povo. Acabaram por pedir o impeachment do senhorzinho. Como pode?
Tramaram um golpe familiar e, para assumir o poder, definiram a avó, esposa do senhor destituído. Mas, na verdade, ela não decidia nada e ele continuava comandando tudo, tendo a sua parceira como sua porta-voz.
Pura injustiça para muitos. Afinal, ele só quebrou o que estava constitucionalmente estabelecido no contrato familiar. As más línguas disseram, no entanto, que essa postura é tradição, já que os avôs anteriores também faziam as mesmas coisas.
Essas reações indicam que nós, o povo, nunca sabemos o que queremos. Uma hora, somos complacentes com determinada situação. Em outros momentos semelhantes, queremos a punição do infrator.
Delegar a governabilidade de nossas vidas a falsos líderes é o mesmo que acreditar em “Salvador da Pátria”, não é mesmo?
Mas o que vai acontecer com o avô e seu impeachment?
Você saberá na 2ª parte desta história em nosso post na semana que vem!