Identificar possíveis gatilhos das doenças mentais / emocionais, com relação a violência, é uma tarefa uma tanto complexa. Para tal, vou tentar reproduzir essa linha de pensamento, por meio, de uma metáfora.
A metáfora
Imaginemos que o mundo das nossas emoções fosse um semáforo, tipo esse que serve para sinalizar o trânsito.
Provavelmente se usarmos os mesmos critérios do código de trânsito, a cor vermelha sinalizaria para paramos, a amarela, atenção e sobreaviso e a verde o sinal está aberto, indicando que poderíamos prosseguir.
As cores desse semáforo representam os vários padrões de comportamentos aprendidos em nossas histórias familiares, sendo fatores imprescindíveis para nossa saúde mental / emocional.
Se algumas circunstâncias familiares impediram que o nosso semáforo fosse ligado, ou se por ventura a saúde mental / emocional não foram prioridades, possivelmente teremos dificuldades em fazer a identificação e a distinção entre os possíveis gatilhos das doenças mentais / emocionais, frente a um possível agressor ou agressora.
Como identificar o grau de agressividade e violência de um possível agressor(a)?
A resposta seria: Por meio, dos sinais que a pessoa recebe do seu mundo das emoções, ou seja, do seu semáforo emocional.
Caso você tenha dificuldade em identificar os sinais, procure ajuda, pois provavelmente o seu semáforo emocional está com defeito ou desligado.
É através da minha reação emocional que tento medir a temperatura da possível violência do agressor(a).
Nem sempre a vida nos permite fazer escolhas do tipo: como gostaríamos que fossem nossos parceiros(as), nossa profissão, nossa condição de vida mas, como disse Sartre (1948): “a não escolha é uma escolha”.
Sempre podemos tentar fazer novas escolhas.
Em momento algum estou tentando justificar a violência, meu papel é simplesmente alertar que os indicadores dos gatilhos das doenças mentais / emocionais que geram a violência podem ser minimizados ou eliminados.
Sabemos que parte significativa da nossa população vive em condições precárias e, possivelmente, estejam mais preocupadas com a sobrevivência do dia-a-dia do que com suas emoções, e claro, isso faz sentido.
Por outro lado, em uma cultura machista, preconceituosa, com discriminações raciais, religiosas e de gênero provavelmente os nossos semáforos emocionais (estejam) desligados.
Nosso semáforo
Nosso semáforo deveria estar sempre na cor verde, deste modo não cultivaríamos a violência e nem banalizaríamos o dom precioso da vida.
Todos os dias, a mídia apresenta dados que comprovam o aumento na escalada da violência e de mortes por motivos absurdos , gênero, preconceitos e discriminações (banais) e, entre eles, o de mulheres vítimas de feminicídio. Dados comprovam que a policia matou mais nesses últimos meses do ano, do que no mesmo período do ano anterior.
São notícias como essas que dão a impressão que, estamos voltando ao tempo da barbárie, no qual ser machista, violento e usar o poder para oprimir os mais vulneráveis, é “símbolo de virilidade”.
Os descasos e a desvalorização da vida, são indicações que, parte significativas das pessoas estão com os semáforos desligados, ou seja, como nos sentimos impotentes frente a violência, acabamos por causa disso, justificando nossa escolha de mantermos nosso semáforo desligado.
Existe um ditado que diz ”o que olhos não veem o coração não sente”, não gosto muito deste ditado pois, neste caso, estaríamos condenando todas as pessoas, que não querem ver, a serem violentas e isso não é verdade.
Desligar os semáforos emocionais pode ser um chamativo para que, mais cedo ou mais tarde, a violência venha bater na nossa porta.
Pense nisso, e ligue o seu semáforo agora.
Boa sorte!
Quer saber mais?
Clique AQUI e leia nosso post: Como identificar os “gatilhos” que disparam nossos conflitos emocionais
Sebastião Souza
Psicoterapeuta de casais e famílias