Como refletimos na primeira parte deste artigo, quando atitudes obscuras, egoístas, recheadas de interesses pessoais e escusos permeiam as relações, sejam elas na gestão de um país ou na vida do casal e da família, as consequências são nefastas.
As dúvidas, as incertezas e a incredulidade são fortes ingredientes para o adoecimento orgânico, psíquico e emocional dos povos que habitam uma nação à beira de um colapso dos valores políticos, morais e éticos.
Os sentimentos de desamparo, desesperança aprendida e a atitude de subordinação voluntária de uma pessoa são fortes indicadores de esfacelamento do tecido social de uma nação, consequentemente prenúncios de crises conjugais e familiares.
Como nos cuidarmos nestes tempos de escuridão ou cegueira temporária, já que o inconsciente coletivo e pessoal deixa “escapar” nosso lado psíquico mais agressivo, regredido e perverso?
Tudo isso se materializa em eventos bárbaros – e reais – como o de crianças e jovens praticando assaltos, sendo vítimas de homicídios, de estupro coletivo, seguido de estupro moral proferido por uma autoridade que deveria cumprir a lei.
Algumas dúvidas ficam no ar com relação à Lava Jato. Vivemos em uma nação onde a mídia ressalta nas pautas nomes e atitudes de políticos suspeitos, investigados, réus, condenados, mandatos cassados e, ao mesmo tempo, pequenas notas sobre as estatísticas de estupro no Brasil, com dados assustadores como o total de 50 mil mulheres violentadas por ano, 6 a cada uma hora e uma a cada 10 minutos.
A Lava Jato nem sempre limpa tudo. Por exemplo, o machismo, o desrespeito aos gêneros, no caso do estupro, o uso abusivo de álcool, que gera mortes estúpidas no trânsito, os aliciamentos de crianças para o tráfico de drogas nas comunidades de alta vulnerabilidade… Essas questões sociais, tão sérias, não estão relacionadas à Lava Jato. Esse compromisso, de mudar o que está aí e que nos fragiliza dia após dia como seres humanos e cidadãos, é meu, seu, é nosso.
Talvez, em um futuro não muito distante, quando todos nos conscientizarmos que não bastam “lava-jatos”, que é preciso limpar a sujeira dos nossos corações e ensinar nossas crianças, desde cedo, a adquirir respeito pelo próximo, não importando o gênero, cor, raça ou cultura, possamos lavar mentes e corações com carinho, amor, acolhimento e aceitação do outro, que nada mais é do que uma parte nossa externalizada, e que a “cegueira emocional” que nos envolve não permite que possamos enxergá-lo.
Em recente bate-papo, um amigo intrigado com os vários acontecimentos brutais relatados na mídia me perguntou onde eu imaginava que são formados os homens-bomba ou terroristas que saem por aí explodindo o mundo e as pessoas. Respondi que nunca tinha pensado nisso, mas, provavelmente, nas famílias.
Agora eu te pergunto:
Onde são formados os políticos e empresários corruptos, estupradores, assassinos e traficantes, todos aqueles que contribuem para nossa sociedade voltar aos tempos da barbárie?
Você ainda tem dúvidas que é nas nossas famílias?
