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Em geral os comentários do senso popular tendem a ser menosprezados e ou desqualificados por serem feitos sem bases científicas ou até por partirem de fontes anônimas. Mas este parece fundamentar um pouco o nosso artigo de hoje. Dizem que um turista, ao chegar ao Brasil, fez a seguinte observação: “Nossa! Que país privilegiado por Deus. Não tem guerras, terremotos, vulcões… isto aqui é um paraíso”. Em seguida ele ouviu a seguinte resposta: “É porque você ainda não conheceu povo…”

Partindo desse diálogo, vamos fazer algumas reflexões: como e onde nascem os corruptos, os infratores e os que sempre usam da “lei de Gerson”, ou seja, os que querem levar vantagem em tudo?

Quando e onde se aprendem os maus hábitos? Como e onde se constroem os nossos valores morais e éticos, que nos servem de base para uma convivência humana saudável? A resposta é a mesma para todas as questões: nas nossas famílias.

Nas famílias também surgem disputas de poder entre pai e mãe, marido e esposa, entre irmãos, tios, avôs, netos. É um espaço relacional em que podem se dar competição, inveja e subjugação do próximo e, em alguns casos, infrações intrafamiliares, como infidelidade, corrupções, chantagens emocionais e financeiras, crimes por apropriações de bens alheios, homicídios.

… Enfim, nas nossas famílias a realidade não é muito diferente das circunstâncias nas quais as operações mãos limpas e lava jato se desenrolaram.  

A famosa operação mãos limpas, desencadeada na Itália no ano de 1992 está fazendo 24 anos em 2016, tinha como objetivo combater a corrupção e os crimes de lavagem de dinheiro e outros atos que desrespeitavam as leis em contratos supervalorizados nas parcerias público/privada, além de crimes políticos, fraudes eleitorais, assassinatos de juízes, ameaças aos procuradores que tentavam restabelecer a ordem no País.

Várias foram as prisões e condenações. O que não se esperava é que os políticos, que caíram na época, iriam se organizar por meio de partidos  “anões”,  ou seja, com menor representatividade junto ao povo,  trabalhando para  convencer  uma minoria  inculta, que desconhecia  as manobras sombrias  do poder, a trazer de volta  um novo  “salvador”, do tipo o Messias, que iria mudar as leis, só que, na prática, por meio de decretos  ilegais e com o retorno da corrupção  a todo vapor.

Fazendo o paralelo dessa realidade com a de nossas famílias, quando não mudamos nossa visão de mundo, querendo levar vantagem em tudo, sempre irá aparecer alguém como uma solução mágica para sanar nossas inquietudes, insatisfações, medos, inseguranças e até a desesperança.

Este é um momento crucial para refletirmos. Quando não temos a iniciativa para promover as mudanças necessárias ao nosso bem-estar, o preço é alto, na maioria das vezes. Basta olhar para a Itália que, através dos seus políticos desinteressados, não soube promover as reformas para o real e definitivo acerto no país. Hoje a Itália é  mais corrupta do que aquela da década de 90.

Nas famílias, a corrupção é como lago de areia movediça que se forma, encobrindo as sujeiras, os segredos, os atos imorais e ilícitos dos membros corruptos.

Quanto mais eles tentam resolver suas falcatruas, mais afundam nos seus lamaçais.

Em 2014, deu-se início a operação lava jato no Brasil. A partir da apreensão de dólares que iriam sair do país ilegalmente por meio de uma organização criminosa que reunia instituições públicas e privadas, bancos, fundos de pensões, trazendo à tona crimes tributários, sonegação de impostos, enfim, um total desrespeito às leis do país. Crimes cometidos por empresários e altos funcionários públicos, dentre eles, senadores, governadores, deputados, que usavam e usam a boa-fé do povo para seus enriquecimentos ilícitos adquiridos por meios escusos.

Nossa história e nosso destino são como os da Itália?

Como as famílias brasileiras se comportam diante das falcatruas cometidas por seus membros corruptos?

Elas se assemelham aos partidos “anões” italianos que trouxeram de volta ao poder os mesmos enganadores de sempre?

Confira na segunda parte deste artigo as respostas a estas questões.

Um abraço a todos!

As operações mãos limpas, lava jato e nossas famílias: semelhanças que podem fazer a diferença – parte 1
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