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Carnaval e o rumo do Brasil atual, duas questões que poderiam ter tudo a ver.
Você concorda?

O Carnaval é uma festa do povo e para o povo. Tem início meses antes do desfile e dura o ano inteiro. A escola de samba é considerada exemplo de empresa ideal.

Seu staff (presidente e diretorias) é formado por profissionais de marketing que conseguem mobilizar uma comunidade de mais de dez mil pessoas que se dispõe a comparecer aos ensaios, desenvolver coreografias, decorar letras e melodias, vestir uma fantasia. O staff tem ainda de organizar um grande desfile com duração de uma hora e vinte minutos. Os objetivos e valores são bem definidos: fazer bonito na avenida, levantando a arquibancada, e ganhar.

É ou não é exemplo de organização, solidariedade, motivação, dedicação excelência em gestão de pessoas, compromisso com o povo e harmonia na avenida? Sem contar que, do presidente aos diretores da escola de samba, todos são eleitos para representar a comunidade. Será que os diretores de bateria, harmonia, alegoria, enredo, samba, e até mesmo o carnavalesco, não poderiam, por doze meses, substituir nossos políticos?

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O Brasil mais parece um barco à deriva.

É certo que nossos políticos representam uma comunidade infinitamente maior, de aproximadamente 220 milhões de brasileiros. Mas também convenhamos: são muito bem pagos para isso.

O que será que falta?  Organização, harmonia, uma boa gestão dos bens públicos, motivação ou compromisso? Não sei…

Ao que parece, o povo vem desenvolvendo um “sentimento de desesperança aprendida”. Cansado de promessas e expectativas, resolveu apostar no desânimo e está ficando cada vez mais pessimista.

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Acredito até que, se o voto não fosse obrigatório,

nas próximas eleições as urnas ficariam vazias.

Segundo Freud (1911), “o ser humano é programado para sentir prazer e fugir da dor”. As reuniões das escolas de samba são prazerosas e as eleições e o ato de votar são mera obrigação. Onde tem obrigação, o prazer se esvazia.

O rito do Carnaval é um conjunto de atividades organizadas e planejadas em que as pessoas expressam suas alegrias, fantasias e utopias através das cantorias, danças, gestos, simbolismo e comportamentos para arcar com as responsabilidades e os compromissos pactuados com a comunidade, que espera ansiosamente o resultado do desfile, torcendo por seus sambistas, desde a diretoria até o personagem desconhecido que empurra o carro alegórico na avenida.

Já, o Brasil vai mal em organização, planejamento, harmonia entre políticos, ministros, presidenta e seus auxiliares. Estes representantes do povo deveriam demonstrar suas competências por quatro anos, mas parece que governam olhando para o próprio umbigo.

Os pactos e os compromissos firmados durante o discurso das eleições acabam assim que são eleitos. Uma postura bem diferente das escolas de samba, que mantêm seus compromissos com as comunidades, onde vive a maioria dos sambistas – não em Brasília.

Não sei, não. Parece que algo está invertido. Os sambistas deveriam ser os políticos e os políticos… Nem sei o que dizer.

No 1º artigo da Constituição brasileira, parágrafo único, diz: “Todo poder emana do povo e em nome dele deverá ser exercido”. Isto os sambistas fazem com maestria. Enquanto isso, na “constituição” dos políticos, a frase se torna: “Todo poder emana do povo para me eleger, mas é em meu nome e de meus interesses que ele será exercido”. É ou não é uma aberração nacional no país do Carnaval?

Um grande festa de Momo a todos!

Carnaval e o rumo do Brasil
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