topo_053Quando o tema é nossas famílias temos duas opções relevantes: aderir ou rejeitar.

Quando aderimos aprendemos a transitar, o que nos leva a construir um sentimento de individualização e pertencimento.

No caso da rejeição, a tendência é viver como árvores sem raízes, sujeitas a quedas e desequilíbrios quando expostas aos menores ventos, física e emocionalmente frágeis, especialmente diante de fortes vendavais.

Férias em família é um momento significativo para aferirmos a nossa flexibilidade cognitiva, ou seja, em um período de convivência, perceber se estamos dispostos a desconstruir antigas crenças e valores, revendo posicionamentos ou respeitando visões diferentes sobre o mundo.

Na praia, durante a viagem, no hotel ou nas casas de campo residem os perigos das más interpretações de palavras, gestos, silêncios e manifestações comportamentais.

Tudo que é dito pode se transformar em bendito ou maldito. As relações de proximidade nas férias dão margem a demonstrações de afeto, carinho, acolhimento, mas, também, de mágoas, raivas, invejas e competições entre os membros da família. O curioso é que muitos não entendem que o nosso inconsciente não tira férias. As mentes não sabem distinguir esse período da rotina do dia a dia, até porque não conhecem o tempo cronológico, regulado pelo nosso relógio externo, mas aquele que denominamos de tempo de funcionamento mental.

Na verdade, temos dificuldade em perceber que não é o que dizemos, mas aquilo que as pessoas interpretam, a partir de conteúdos inconscientes, que trazem à tona sentimentos diversos. As “faxinas dos lixos emocionais” que permeiam as relações familiares e conjugais durante o ano não são recicláveis só porque nos afastamos do cotidiano.

Bendito ou maldito. Seja como for, é tempo de repensar a família, lembrando-nos de que nela nos tornamos humanos, reconhecendo, segundo Bauman (2003), que fora dela “estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo”, na qual “o amor é mais falado do que vivido”.

Para que as suas férias se tornem benditas é preciso que você observe se o seu “coração está limpo”, se suas atitudes e seus comportamentos nesse período de recesso são os que você gostaria que as pessoas ao seu redor usassem com você.

Quer um conselho? Relaxe e transforme as férias em família em uma grande oportunidade para aprender mais sobre você mesmo. Aproveite para fazer um gesto de carinho e gentileza: liste cinco tipos de comportamentos que você gostaria de mudar para se tornar um ser humano melhor. Depois, procure um familiar que admira e peça a ele que te ajude nessa tarefa. Lembre-se que tudo que é dito em família pode se tornar bendito ou maldito, porém, também pode ser reescrito.

Sem ocupar mais tempo de suas férias – e porque também tenho de preparar as minhas – encerro lembrando que a flexibilidade cognitiva é a melhor coisa que você pode levar na sua bagagem emocional para curtir esse momento com os seus, tornando-o bendito.

Bom descanso!

Férias em família: muito do que é dito pode virar bendito ou maldito
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