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Como vimos na primeira parte desta história, o avô foi denunciado e punido por sua família, sendo afastado do poder, mas mantendo sua esposa como porta-voz de seus mandos e desmandos. Pois bem, não deu outra: o impeachment familiar do senhorzinho, apesar de ter cara de retaliação, foi aberto após várias manobras dos perdedores. De qualquer forma, a terceira geração – dos filhos –  e a “família extensiva” (povo) venceram e instalaram o processo, levado aos “pais”, que pareciam deputados de verdade.

Tanto fizeram que massacraram o avô. O senhorzinho tentava se justificar que não cometera pedaladas vitais e sim pequenas escorregadas ali e outra aqui, mas que sempre, no final, compensava a família com décimo terceiro e as férias. Ou seja, ele gastava durante o ano, mas recompensava tudo. As justificativas não convenceram a família (o povo), que não queria saber do erro, exigindo que o avô deixasse o poder, e ponto final.

Dá para entender o “povo” ou a “família extensiva e filhos da pátria”? Eles não sabem eleger, escolhem mal quem vai representá-los e depois criam uma celeuma. Não seria mais fácil que nós aprendêssemos com nossos erros e, em um futuro bem próximo, tomássemos as rédeas daquilo que queremos para nós?

As famílias, bem como as instituições, são feitas de gente e, como tal, são passíveis de erros. Todos, sem exceção, podemos cometer pedaladas vitais ou irresponsabilidades contra nossos amigos, cônjuges, familiares e, até mesmo, contra pessoas que não convivem com conosco, mas que irão sofrer as consequências de nossos atos irresponsáveis.

Nesse caso, só nos resta ser humildes e assumir os erros, aprender com eles e pedir desculpas e perdão àqueles que magoamos e sacrificamos. Passar o bastão ao membro da família mais competente para direcionar a nossa “família extensiva” e os filhos da terceira geração.

Caso contrário, os erros não reconhecidos podem contaminar as futuras gerações, que receberão como mensagem que o mundo é dos espertos, que uma pedalada aqui e outra lá são invenções de quem quer destruir a família, instituição eleita pelo povo.

Na verdade, família ou nação que não tem os seus contratos constitucionais, valores éticos e morais bem estabelecidos, para formar os pilares das gerações futuras, não comete pedaladas fiscais ou vitais, mas, sim, genocídios contra aqueles que virão, pois comprometem orçamentos familiares ao praticarem leviandades e infidelidades que privam seus descendentes de melhor bem-estar.

Já o desvio de orçamentos fiscais também afetam as próximas gerações. A falta de moradias para os mais necessitados, as escolas obsoletas, a saúde em péssimas condições, a ausência de saneamento básico para a maior parte da população… Tudo isso é a herança que estamos deixando ao futuro.

Por isso, pedaladas vitais merecem impeachment, mas que deve começar na consciência de cada um de nós que comete erros. E de todos aqueles que são coniventes ou fazem o jogo da oposição quando lhes convêm. Precisamos ser autênticos e responsáveis, dando um basta a essa cultura hipócrita de sempre procurar culpados fora de nós, para aliviar nosso instinto de destruição e jogar as nossas mazelas internas no próximo.

Pense nisso

Será que em algum momento a sua consciência já propôs um impeachment para sua vida pessoal, conjugal, familiar e social?     

Nossas pedaladas vitais podem sofrer impeachment? – Parte 2
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