Algumas vezes, relacionamentos interpessoais, conjugais, familiares e profissionais nos fazem dar tiros no pé ou, até mesmo, cometer alguns equívocos, como o de “comprar gato por lebre”.
Em outros casos, há aqueles que “enfiam o pé na jaca”, ou seja, fazem cisões entre emoções e razões. A extrema polarização de um destes aspectos psíquicos é forte indício para futuro adoecimento orgânico e/ou emocional.
O uso abusivo e patológico da racionalidade tem desencadeado vários quadros de doenças como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, fobias, hipertensão arterial, diabetes, aumento dos níveis de colesterol, sem desconsiderar as predisposições biológicas da cada pessoa.
Estudos e pesquisas científicas vêm demonstrando que ambientes familiares, conjugais, relacionamentos interpessoais e profissionais são cofatores para o surgimento dessas doenças. Isso se dá quando “enfiamos o pé na jaca”, sem respeitar nossos limites físicos.
Ao mesmo tempo, quando resolvemos viver intensamente as nossas paixões, ficamos cegos e, novamente, “enfiamos o pé na jaca”, escolhendo nos nossos relacionamentos amorosos príncipes que viram sapos ou cinderelas que se transformam em abóboras.
De um modo geral, as decepções relacionais levam-nos a sentimentos de frustração, impotência, com raivas, mágoas e, em alguns casos, ódio, que podem se transformar em comportamentos destrutivos e autodestrutivos, verdadeiros “pés na jaca”.
Vivemos em uma sociedade ativada pelo uso da razão, ensinado desde os bancos escolares, que nos confere um status de vencedores, bem-sucedidos. Por isso, um grupo significativo de pessoas opta pela cisão entre emoção e razão.
Acabamos por receber da sociedade incentivos para esquecer “esse negócio de amar”, porque isso “não paga as contas”. O recalque e a cisão de nossas emoções têm contribuído para o isolamento afetivo, acarretando vazios existências, falta de sentido na vida e, em alguns casos, pensamentos e atos suicidas.
“Enfiar o pé na jaca” por meio de cisões é uma forma de nos esconder e nos desconectar de nós mesmos, para evitar as diversas perguntas sem respostas que surgem todos os dias na relação misteriosa que mantemos com a enigmática vida.
Após estas pequenas reflexões, tente avaliar como está o pêndulo que equilibra a sua vida com relação ao uso que você faz de suas emoções e de suas razões.Para que lado ele está tendendo mais?
De qualquer forma, sendo “pé na jaca” ou não, curta, ame, acolha e se deixe acolher, porque somos todos eternos aprendizes.
Como canta o poeta Caetano Veloso (ver vídeo abaixo), em “Dom de iludir”: cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é.
Boa sorte e até a próxima semana.
Sebastião Souza