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A pseudo valorização e superdimensionamento dos fatos que envolvem nossa realidade nas relações interpessoais e profissionais faz com estejamos vivendo uma era de narcisismo e de fabricação de falsos heróis e heroínas. Talvez tenhamos que procurar compreender por que tamanha necessidade de se criar tantas “máscaras” e couraças emocionais para enfrentar a realidade atual.

Um exemplo são os relacionamentos entre pais e filhos. Pais que desejam que os filhos tenham excessivos sucessos em determinadas áreas de estudos ou trabalhos, nas quais qualidades e atributos exigidos ultrapassam os limites de suas competências.

Em geral, quando querem compensar suas frustrações, fracassos e insucessos, alguns pais esquecem que as mentes são limitadas por suas experiências. Em política dizem que “os fatos” deveriam ser tratados com sua excelência, pois a sua existência é algo inegável e imponderável. Brigar com eles é distorcer a realidade.

Na vida profissional não é muito diferente. Certas pessoas sabem, em parte, da sua competência, mas tentam, por vezes, demonstrar aos seus pares que sua competência é além daquilo que elas próprias construíram ao longo de sua carreira. Vendem uma coisa e entregam outra. Esse tipo de distorção sempre tem um bônus temporário e um ônus prologado.

Nas relações interpessoais, esforços imensos são feitos para manter máscaras e as couraças emocionais, a ponto de as pessoas adoecerem, sofrendo de ansiedades, estresses, fobias e, em alguns casos, síndrome de pânico. Tais distúrbios podem ter suas predisposições biológicas envolvidas.

Em se tratando do campo profissional, os esforços compensatórios para bancar o herói ou heroína levam algumas pessoas ao vício no trabalho, denominadas workaholics. Em outras palavras, adoecem quando trabalham em média 14 a 16 horas por dia, não considerado que são humanos, não máquinas artificiais.

Nos consultórios psicológicos, um dos aspectos assustadores é como as pessoas tornam-se submissos de seus relacionamentos afetivos, sejam eles com parceiros ou filhos, o que gera, normalmente, uma sensação de um viver “vazio, inautêntico” causador de uma angústia, do tipo “quem sou eu, afinal? ”.

A realidade dos fatos não pode ser mudada, mas reconstruída e ressignificada por meio de ajuda profissional. Por exemplo, se você vive uma qualidade de vida que não condiz com aquilo que você esperava, observe os dados da realidade, que falam por si. Não encarar a realidade é como uma viagem em alto mar com barco à deriva e furo no casco.

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Você vive um dessas situações aqui relatadas? Não se assuste: seja bem-vindo ao mundo dos mortais. Porém, faça um favor a você mesmo. Analise os fatos que possam estar prejudicando o seu bem-estar e o das pessoas que ama. Faça uma relação entre esses fatos, usando da razão, com o que você intui e sente. Afinal, fatos, razão e sentimentos formam você.

Procure se encontrar aonde você se perdeu. Peça ajuda e salve-se. Boa sorte.

“O caminho se faz caminhando” (Varela, 1996).

Sebastião Souza

Percepções distorcidas: um mal que nos faz adoecer
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