Os conflitos interpessoais, em geral, estão correlacionados a crenças, valores e paradigmas, que influenciam diretamente a nossa forma de tentar ajudar alguém. É como se a visão, a percepção e as experiências que adquirimos ao longo da vida pudessem ser transferidas a outra pessoa. Quando isso ocorre, há um forte prenúncio de fracasso.

Ajudar deveria ser uma forma de sair do nosso mundo e legitimar as visões, percepções e experiências de vida do outro, a partir de seus desejos, sonhos e projetos, no lugar de tentar impor à pessoa aquilo que desejamos, sonhamos e projetamos, usando o modo de nos comportar no mundo como referência única.

Uma das maneiras de identificar quando esse ato se torna um conflito é compreendendo e tendo consciência que, na maioria das vezes, a tentativa de ajudar o próximo é um incômodo nosso, mais do que da pessoa que ajudamos. Precisamos saber escutar, por meio de nossas emoções, o que fez eco e ressonância em nossa história pessoal, aprendendo a lidar com nossas impotências e frustrações. Entender que, em determinadas horas, as pessoas que sofrem só querem acolhimento e afeto para recolher os fragmentos de suas dores e histórias, reerguendo-se das cinzas.

Precisamos ajudá-las nesse resgate das forças vitais. Por exemplo, quando alguém se propõe a ajudar uma pessoa depressiva, que não se conscientizou de seu estado, qualquer esforço será em vão. Neste caso, o apoio pode se transformar em conflito.

Algumas pessoas que querem ajudar encontram barreiras e, mesmo assim, insistem, criando conflitos interpessoais, conjugais e familiares porque ainda não  perceberam que dores, sofrimentos e obstáculos  são  fontes de riquezas capazes de  levar  os envolvidos a algum tipo de aprendizado.

Mas, então, como ajudar quem amamos sem criar tais conflitos? Confira, na segunda parte deste artigo, dicas bem práticas para potencializar esse apoio e proteger suas relações de possíveis discórdias.

Um forte abraço a todos.

Sebastião Souza