Sem a presença dos momentos festivos e os entorpecimentos, provavelmente a civilização humana não sobreviveria. O nosso cérebro evoluiu muito, porém, os seus mecanismos de defesa permanecem oscilando entre estados de ansiedade e euforia à apatia e depressão.
O Carnaval tem sua origem nos povos antigos, na forma de rituais, para comemorar conquistas. Na Idade Média, se tornou uma manifestação dos povos menos favorecidos diante de dores e sofrimentos impostos pela realidade.
Atualmente, essa manifestação engloba várias intenções, umas justas, outras exibicionistas, porém, ainda não deixou de ser um ritual festivo e, quando trabalhado por uma comunidade local durante 365 dias, mostra a força da sua união entorno de dois objetivos: levar sua mensagem e vencer o desfile.
Segundo um especialista em administração, o trabalho de uma escola de samba é um exemplo de como gerir uma empresa. Para lutar pelo título de campeão do Carnaval, uma comunidade pode colocar de mil até 5 mil pessoas ou mais trabalhando gratuitamente pelo brilho dos 75 minutos e o ovacionar do povo na arquibancada.
Por isso, é aqui que mora o perigo: a ressaca moral durante o período da festa e o entorpecimento de um País que hiberna. Tudo só volta a funcionar na quarta-feira de cinzas, quando, como em um passo de mágica, a realidade nua e crua se apresenta e cobra a conta que, de modo geral, é salgada.
Mas qual preço a sociedade paga por esses dias de total alienação da realidade?
Confira na segunda parte deste artigo.
Sebastião Souza