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Vimos, na primeira parte deste artigo, a magia que envolve o Carnaval, tirando milhões de pessoas da realidade cotidiana para, por 4 ou 5 dias, vivenciarem a entorpecente folia. No entanto, pagamos um preço, como sociedade, quando agimos dessa forma.

Vários acidentes automobilísticos com mortes nas estradas; pessoas dirigindo embriagadas, colocando em risco a própria vida e a de terceiros; pessoas que não se cuidam e não usam preservativos, podendo ter contraído doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a AIDS; exploração sexual de menores; violências movidas a álcool; estupros…

Que fenômeno é esse que entorpece uma parte significativa da população e envolve milhões de pessoas? Que logo após seu término, leva cada um para sua casa como se tivesse vivido quatro dias mágicos em uma ilha da fantasia? Não sei responder, porém, Freud (1930) relatava em seu livro “O mal-estar da civilização” que o homem necessita usar alguns recursos entorpecedores para aliviar os seus sofrimentos mentais. Talvez o Carnaval seja um deles.

Minha ressaca moral permanece, pois, ao pensar que vivemos em sociedade, que, de tempos em tempos, precisamos nos embriagar, nos 4 ou 5 dias de folia, em 4 ou 5 campeonatos de futebol por ano, receio que cedo ou tarde nosso cérebro estará totalmente inerte e intoxicado por momentos mágicos.

Talvez o Carnaval seja aquele reforço intermitente, do tipo “morde e assopra”, ou seja, enquanto viajamos nos mares da fantasia não nos damos conta de que o País está mergulhado em um número assustador de pessoas com baixa qualidade educacional, de adolescentes contaminados pelo vírus HIV e que existem 13 milhões de pessoas desempregadas.

O Carnaval passou e nada mudou. Ele só potencializou a ressaca moral, daqueles que brigam com seu cérebro para não acreditar em tudo o que veem. Talvez, a ressaca moral após o carnaval seja uma forma de reflexão de quem gostaria de ver nosso país campeão em índices educacionais e saúde, com um produto interno bruto de felicidade, assim como os países mais desenvolvidos.

Ressaca moral é uma excelente ferramenta para não deixar o cérebro enferrujar.

Faça uma lista com cinco aprendizados durante o seu carnaval, brincando ou descansando. Incorpore-os ao seu projeto de vida pessoal ou profissional e torça para que um dia o brilho irradiante da fantasia dos que desfilam na avenida esteja constantemente no seu olhar e no olhar das pessoas que brigam por um amanhã melhor.

Boa sorte.

Sebastião Souza

 

O Carnaval quase sempre potencializa a ressaca moral – Parte 2
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