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O casamento traz na sua construção uma série de responsabilidades por ser o alicerce da família. Sua falência pode se generalizar entre os demais membros que a compõem. O que fazer para conscientizar os parceiros conjugais que, ao assumirem uma relação de convivência, não estão sozinhos nessa empreitada?

O casamento é um sistema complexo que envolve, além das bagagens individuais dos cônjuges, as experiências emocionais vividas em suas famílias de origem. Em geral, um número significativo das uniões conjugais já nasce falido, uma vez que o casal não tem consciência de que as questões não resolvidas anteriormente interferem diretamente nas relações atuais, inclusive e especialmente nas da vida a dois.

Muitas vezes, o adoecimento da família vem dessa falta de distinção. Os cônjuges confundem os conflitos pessoais com o exercício das funções de pai e mãe. Atacam-se por meio de retaliações, vinganças, mágoas, agressividades físicas e verbais que, por vezes, atingem os filhos.

Não é raro encontrar pais e mães que justificam manter casamento por causa da prole, o que pode acarretar um grande peso para os filhos. Em geral, por  amor aos pais e lealdade familiar, eles se oferecem inconsciente para salvar o casamento, colocando suas vidas algumas vezes em risco, o que denominamos de “mito do auto-sacrifício”.

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Esse processo se inicia bem cedo. Na prática clínica, é comum observar crianças que vivem em ambientes familiares tensos e conflituosos desenvolverem dores de garganta, ouvidos, febre, para não ir à escolinha. Ou, ao contrário, vão para escola, reclamam de dores, a mãe ou pai vai buscá-las e, ao chegar em casa, a dor já passou.

Questões não resolvidas no passado, como segredos, vícios, lutos, falências pessoais e profissionais, podem travar todo o desenvolvimento e amadurecimento emocional do relacionamento e da família como um todo. Poucos são os casais que têm consciência disso.

Um bom exemplo é o adolescente que precisa passar do “colo da família” para o “os braços do mundo”, ou seja, criar sua autonomia, identidade pessoal e social. Como fazer essa passagem se sua lealdade familiar lhe impede de abandonar os pais que tanto ama em plena falência conjugal e sofrimento familiar?

Nessa situação, se dão algumas “saídas” inconscientes: adoecimento (não pode sair porque não está bem) ou comportamentos inadequados e até delinquentes (exigindo os cuidados dos pais que, por um tempo, deixarão de lado os conflitos conjugais).

Os prognósticos das relações conjugais sadias estão diretamente relacionados à resolução de conflitos familiares vividos antes da união conjugal.

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Casar é mais que viver juntos. É resignificar e qualificar nossas histórias familiares para uma melhoria da qualidade de vida daqueles que gestamos.

Por isso, avalie como está o seu casamento. Analise se esse é o projeto ideal elaborado para aqueles que você tanto ama. Caso contrário, o filho que o casal gestou com muito amor pode viver o desamor por conta de erros dos quais ele não tem qualquer responsabilidade.

Lembre-se: sempre é tempo de mudar!

Sebastião Souza

Casamento falido têm consequências na família?
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