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Desejar faz parte do nosso ser, mas viver de desejos é fugir da realidade que, por sua vez, significa não aceitar quem a gente é, o que pode levar a doenças físicas, emocionais ou mentais.

Como evitar essa briga interna entre desejo e realidade, impulsionada pela sociedade consumista que nos vende a ideia de que devemos conquistar o que queremos a qualquer custo? Que também faz parte de nosso grau de insatisfação pessoal e profissional, muitas vezes difícil de aceitar?

Em geral, os embates internos acontecem quando não assumimos que nossas experiências emocionais limitam nossos desejos e, ao mesmo tempo, ampliam possibilidades.

Por que brigamos tanto com nós mesmos? Talvez por não aceitarmos que as circunstâncias, os contextos relacionais e a realidade como um todo nos impõem tomadas de decisões e escolhas que não dependem exclusivamente da nossa vontade, mas de nossa estrutura psíquica do momento, verdadeiros fantasmas.

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Fantasmas do passado são como os lixões emocionais não resolvidos que paralisam nossas vidas. Um exemplo concreto é quando um pai ou uma mãe vê o filho mentindo, usando de meios ilícitos para conseguir seus objetivos. Mesmo assim, não fala nada, com medo do filho agredi-lo (a), porque aprendeu na sua família de origem: “evite todo e qualquer conflito”, mantendo preservado o status “fake” da “família margarina”, eternamente feliz.

Mas não tem jeito, porque os fantasmas quase sempre voltam disfarçados nas nossas atitudes, em pessoas poderosas ou em falsas autoestimas elevadas.

Crescer é enfrentar nossos fantasmas todos os dias, até o último suspiro, não deixando que se alimentem de desejos exagerados e de nosso medo de amadurecer, encarando a realidade nua e crua.
Fantasmas têm vida longa e se eternizam se nós lhe damos esse poder, justamente porque não queremos ter contato com nossas angústias, ansiedades e limitações.

Não podemos manter relacionamentos interpessoais, conjugais, familiares e profissionais alicerçados em estruturas no estilo “parque da Disney”, porque não se sustentarão ou, ainda, nos levarão ao adoecimento.

Não bancar o super-homem ou a mulher-maravilha também pode ser uma atitude sábia, assim como parar de brigar consigo, fugindo do cerne do problema que o afasta de si mesmo e o faz ficar perdido em um mar de ilusões.

Seja o mais humano possível, autêntico com seus sentimentos, valores e propósitos. Perdoe-se. Observe o seu dia a dia, selecione as experiências que de fato o ajudem a transformar desejos em realidade, para que possa conferir se o que você sente é mesmo a felicidade interna e se ela está coerente com o mundo e a realidade que o cercam.

Sonhe, sim, mas não perca o pé da realidade. Boa sorte!

Sebastião Souza

Sonhar é bom, mas sem perder o pé..
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