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As olimpíadas esportivas, evento de confraternização entre os povos, nasceram na antiga Grécia, na cidade Olímpia, como uma modalidade de competição saudável, na qual os deuses eram homenageados e o competidor tentava extrair de si os melhores resultados com forma de agradar aos telespectadores e se tornar um homem virtuoso.

A virtuosidade não era somente um meio em sim mesmo, mas um fim, ou seja, o homem grego trabalhava para se tornar melhor em todas as dimensões da sua vida, nos aspectos físicos, psicológicos, sociais, culturais e espirituais. Esta era a forma sadia de conviver democraticamente é na virtuosidade que transcende a si mesmo.

Em outras palavras, isso significava tratar o semelhante com igualdade e seguir os ditames dos deuses. Um bom exemplo era Sócrates, homem virtuoso, que morreu defendendo suas ideias e princípios.

Será que nas olimpíadas familiares e conjugais é possível se tornar um ser virtuoso?

Com raras exceções, quando nascemos já estamos em uma arena, em que existe uma forma de competição que desconhecemos. As famílias e os casamentos trazem quase sempre questões não resolvidas com os familiares de gerações anteriores.

Essas competições diferem das olimpíadas esportivas, porque, em muitos casos, são veladas e sem o tradicional intervalo de quatro anos entre uma e outra. Também porque a atual sociedade não considera mais a virtuosidade como parte dos processos inter-relacionais.

Em geral, as competições entre membros de uma família ou entre os parceiros conjugais são abrilhantadas por as armas ferinas, como inveja, deslealdade, traição, mágoas, segredos, características que jamais levariam qualquer ser à condição de virtuoso.

O berço desse tipo de olimpíada, com regras e jogos perversos, compõe famílias cujos pais, algumas vezes de forma inconsciente, outras não, criam competições entre os irmãos ou fazem comparações absurdas entre os membros das famílias, com os parentes próximos ou vizinhos. Nos casamentos, surgem as invejas e disputas entre maridos e esposas para saber quem ganha mais, quem é mais sarado, bonito ou mais inteligente.

As competições sempre existiram e sempre existirão. O problema, no entanto, está no uso que se faz delas. A qualidade da competição está vinculada ao grau de virtuosidade de seus atletas.  

Será que o objetivo das olimpíadas da antiga Grécia é o mesmo que se tem hoje? Embora saibamos que provavelmente existia corrupção, politicagem e desonestidade entre os governantes gregos, tudo indica que a supervalorização de obras, o uso de construções de arenas esportivas para lavar dinheiro são práticas mais recentes. Outra questão: será que o percurso da tocha olímpica é um evento cultural para despertar o espírito esportivo das crianças, adolescentes e adultos ou se tornou um recurso para conquistar a simpatia do povo para angariar votos?

Nesta nossa olimpíada internacional, a ser realizada no Rio de Janeiro, a virtuosidade dos nossos governantes, caso exista, terá que ser procurada com lupa de alto alcance.

Mas, falemos das famílias, nosso universo mais imediato. Vamos traçar outras características das competições relacionais na segunda parte deste artigo.

Não perca!

É possível ser uma pessoa virtuosa nas olimpíadas esportivas, familiares e conjugais? – parte 1
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